Líderes do Google que levam a igualdade de gênero além do discurso

10 depoimentos de líderes do Google que levam a questão da igualdade de gênero para além do discurso

Como ir além do discurso? Os números ajudam a mostrar como a diversidade pode ser um fator de eficiência para os negócios e causar um impacto positivo na sociedade. As empresas em que mulheres ocupam pelo menos 30% dos cargos de liderança são 1,4 vezes mais propensas a ter um crescimento contínuo e lucrativo1.

Por que isso acontece? Lá no Google, eles acreditam e incentivam a formação de equipes diversas. Só assim podemos criar produtos e serviços que atendam verdadeiramente às necessidades das pessoas — gerando um crescimento sustentável na empresa e também colocando mais um tijolo na construção da mudança comportamental da sociedade.

Neste momento, depois de um ano tão complexo, dinâmico e incerto, é ainda mais urgente apostar em equidade nos times. Seja para pensar na sobrevivência dos negócios, seja para criar bases mais sólidas para que as mulheres, em momentos de crise, não estejam em uma posição de maior vulnerabilidade se comparadas aos homens.

Leia a seguir, 10 depoimentos que ajudam a inspirar a caminhada de outras mulheres e transformar o ambiente de trabalho em um lugar mais igualitário.

Acelerando as iniciativas afirmativas

Diante do cenário desafiador, continuo acreditando fortemente no incentivo para que mais mulheres estejam bem inseridas no mercado de trabalho, o que significa que possam ter acesso a desenvolvimento e oportunidades em suas carreiras. Nesse sentido, tenho sido patrocinadora e participante ativa de algumas iniciativas, como o Cresça com o Google e o Women in Tech Global Summit, buscando trazer perspectivas sobre mulheres em STEM, patrocinando alguns dos nossos grupos e comunidades de diversidade e inclusão internamente aqui no Google. Mas, principalmente, continuo a aprender sobre como podemos acelerar iniciativas afirmativas que nos ajudem a ampliar a jornada de equidade não só de gênero, mas de todas as comunidades que precisam de representatividade e inclusão. Talvez um ponto que eu tenha escutado pouco na minha carreira tenha sido sobre a possibilidade de acessar mais as pessoas que poderiam me apoiar e ter um olhar para buscar pessoas completamente diferentes de mim. Hoje, procuro ter isso sempre no radar e aconselho as pessoas ao meu redor a fazer o mesmo.

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A maternidade e o trabalho

Um dos momentos marcantes da minha trajetória está atrelado ao nascimento do meu filho Tomás. Ao invés do medo de ter que me afastar da minha carreira por causa da maternidade, no meu caso, o nascimento do meu filho enriqueceu muito minha vida profissional e me permitiu, inclusive, focar mais no meu trabalho. A chegada dele me tornou mais tolerante e paciente, aumentando minha habilidade em trabalhar sob pressão e priorizando melhor os diferentes projetos nos quais estava envolvida. Ter me tornado mãe me ajudou a aproveitar ao máximo o meu tempo no trabalho. Por isso, um conselho que gostaria de ter recebido, e transmito agora, é: não tenha medo. Não seja tímida. Se você é ambiciosa, deixe que as pessoas saibam quais são os seus sonhos e as suas metas. Peça ajuda quando necessário e ajude os outros sempre que puder. Vá em frente — e ajude outras mulheres a seguir em frente também.

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Acreditar e potencializar os próprios sonhos

Fui promovida a Vice Presidente de Negócios depois de dividir com meu manager que estava realizando um sonho importante: estar grávida do meu segundo filho. Há 15 anos, era uma conquista surpreendente ser promovida grávida. Durante os 9 meses de gestação trabalhei muito para ser um exemplo para lideranças, organizações e tantas outras mulheres. Mostrar que era possível conciliar todos os sonhos era importante para motivar as pessoas. Vejo muitas mulheres serem muito exigentes consigo mesmas, terem medo de expor pontos de vista diferentes e de falarem sobre carreira e sonhos com os seus managers. Nunca deixe ninguém impedir os seus sonhos, simplesmente acredite em você e faça acontecer com ajuda das pessoas ao seu redor.

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Criando pontes

Estudei Jornalismo na graduação, estagiei em grandes veículos e há anos projetava seguir minha carreira nessa área. Quando me inscrevi no programa de estágio do Google Brasil e fui encaminhada para a área de Recursos Humanos, quase desisti da oportunidade — achava que não teria nada a ver comigo. Mesmo assim, decidi aceitar a vaga e, caso não gostasse, sairia com uma experiência em uma multinacional. Não contava com a grande surpresa que foi me apaixonar pela profissão e pela possibilidade de impacto positivo que eu poderia ter na vida das pessoas. Até porque, como mulher negra, que cresceu e circula em ambientes majoritariamente brancos, acredito muito em criar pontes e oportunidades para pessoas que não puderam acessar os mesmos lugares que eu. Por isso, algumas das minhas formas de contribuir com o combate à desigualdade de gênero são acolher outras mulheres, criar ações de conscientização sobre o tema para gerar aliados e compartilhar minhas experiências e aprendizados através de mentorias e treinamentos. A lição que tirei dessa experiência de apostar em uma nova área foi a de deixar de lado a necessidade de controle, me abrir para surpresas e novas possibilidades. Ainda assim, um conselho que gostaria de ter escutado: nenhum trabalho é mais importante do que a sua saúde mental. Cuide-se, você é a sua maior prioridade.

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Empatia e autoconfiança

Não sabemos como as pessoas estão vivendo esse momento sem precedentes, então tento contribuir diariamente removendo um pouco do estresse e tentando criar um ambiente de bem-estar no trabalho, além de procurar ser extremamente empática com time, clientes, agências, pessoas que entrevistamos. E um conselho que gostaria de ter recebido na minha carreira e dou agora é: mate a sua voz interna. Quando entrei no mercado de trabalho, tinha vergonha de participar de reuniões e pedir mais responsabilidades. Peça por desafios, por mudanças, até mesmo por uma promoção, sem se deixar levar por aquela voz interna que a faz duvidar se você está fazendo a coisa certa. Digo isso porque, com o tempo, descobri que nada poderia acontecer além de receber um "não". E depois de muitos "nãos", você recebe um "sim", e quando você coloca na balança, o resultado é positivo. A prática levará você à perfeição e você irá aprender como perguntar, argumentar, defender suas ideias e fazer perguntas seletivas para conquistar um “sim”. E assim você mata essa dúvida dentro da sua cabeça.

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Mais mulheres no mundo da tecnologia

Atuando na área de publicidade e tecnologia há quase 20 anos, em muitos momentos fui uma das poucas mulheres, quando não a única, em reuniões e fóruns de trabalho. Em 2018, uma das iniciativas que liderei foi um encontro com desenvolvedores de aplicativos. E dessa vez, novamente, fui uma das poucas mulheres presentes no evento. Ali ficou claro para mim o tamanho do problema de gênero na indústria de tecnologia, o privilégio que tinha na minha posição e o papel que eu poderia exercer nessa mudança. Conheci mulheres incríveis e me aprofundei onde e quando começava o problema e a desigualdade de gênero no setor. Muitas das mulheres com quem conversei estavam nessa carreira de tecnologia porque tiveram o apoio de um pai, um irmão, um namorado dessa área. E foi a partir desse momento de insight que consegui trazer o programa Change the Game ao Brasil, com o objetivo reduzir a desigualdade de gênero na tecnologia. Mas esse é só o começo, ainda temos muito a fazer.

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Driblando a síndrome de impostora

Um episódio marcante na minha trajetória foi ter negado uma proposta de emprego feita pelo Google. Naquela ocasião, não acreditava que tinha todas as qualificações necessárias para a função. Mas como isso era possível, já que eles me ofereceram o cargo? Hoje vejo que estava vivendo a clássica síndrome de impostora, um comportamento feminino que não me deixava acreditar que eu já era qualificada para a função. No final, acabei vencendo todos os meus medos — e falei sim para a proposta. Em 2021, completei 10 anos de Google. Nesse tempo, uma frase teve um impacto gigante na minha atuação como líder: “Líder tem que ser leve, se não cansa”. Desde então, tento prezar pela cultura da segurança psicológica do time, o que faz toda a diferença para a promoção de um ambiente inclusivo, criativo e colaborativo.

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O poder de colecionar experiências

Carreira não é algo linear. Anos atrás, aceitei uma proposta de trabalho e fui morar na Ásia logo após a conclusão do meu MBA. Na época, senti muito frio na barriga mas, mesmo assim, decidi me jogar de cabeça. Vivenciei uma ética de trabalho inigualável e ampliei minha apreciação pela importância da diversidade cultural e como isso contribui para a inovação. Por isso penso que o mais importante na formação de uma carreira profissional é ganhar conhecimento e colecionar experiências. Isso é o que nos vai ajudar a criar ferramentas. Às vezes precisamos tomar um passo lateral para acertar o caminho… e está tudo bem. Isso permite nos conhecer melhor e descobrir novas paixões. No momento que aceitamos que não existe um uma linha reta a seguir, começamos a viver as experiências que aparecem e, só assim, aprendemos a traçar o nosso caminho.

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Um caminho trilhado coletivamente

Assim como muitas mulheres, já ouvi comentários pouco profissionais relacionados à minha aparência física e também tive meu trabalho subjugado. As pessoas mais conscientes e instruídas quanto aos papéis e imposições de gênero têm a obrigação de conscientizar as que não têm o mesmo grau de instrução e é essa a minha constante filosofia: seja alertando as mulheres ao meu redor que possam estar vivendo situações de preconceito ou abuso, seja trazendo pontos de vista que talvez outras pessoas não estejam considerando. Hoje, eu lidero o comitê de mulheres no nosso escritório do Google, em São Paulo, e nosso papel é o de gerar a reflexão através de conversas, campanhas de conscientização e workshops para os funcionários. Não estou nessa jornada sozinha, e quanto mais pessoas estão envolvidas, mais pessoas estão atentas às sobrecargas e injustiças impostas às mulheres e sobretudo às mulheres negras. Afinal parte do problema precisa ser resolvido enquanto sociedade, mas parte está em nossas mãos ao identificarmos esses episódios, nos apoiarmos e construirmos juntas oportunidades igualitárias.

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Parcerias reais

Infelizmente, o trabalho doméstico ainda é muito centralizado na mulher e é extremamente difícil conciliar tudo, ainda mais em um cenário como o da pandemia. Um dos conselhos mais importantes que ouvi na minha vida foi a importância de escolher a pessoa certa para compartilhar a sua vida e que está disposta a ser, de fato, um paceiro/a. Só assim, com parceiras reais na nossa vida pessoal, conseguimos seguir com as nossas carreiras.

Além disso, acredito muito na independência financeira como uma ferramenta de extrema importância para o combate da desigualdade de gênero. O que tenho feito muito na pandemia é ajudar mulheres/mães de família financeiramente, seja por doações individuais, seja por meio de projetos.

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1 Ernst & Young - Diversity Leaders Survey 2018

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